Aprendizagem
Série Taxonomia de Bloom
A taxonomia de Bloom é um sistema hierarquizado de níveis de aprendizagem que vão do processo de utilização simples da memória, até processos de interligação criativa de conhecimento: recordar, compreender, aplicar, analisar, avaliar e criar.
1 - Recordar
É um processo, aparentemente simples, que se pode traduzir na recuperação de uma informação memorizada, por exemplo um número de telefone ou o nome de uma pessoa, nas formas mais simples, a uma citação de um livro ou de um poema nas formas mais complexas. Recitar a tabuada é um bom exemplo de uma forma de recordar, mas que nos pode levar ao nível seguinte.
2 - Compreender
Apesar do processo de recordar um número de telefone parecer mecânico, em alguns casos a compreensão da forma como são formados os números pode ajudar a memorizá-los: +351244819200 pode ser mais fácil de memorizar se compreendermos que todos os números telefónicos de Portugal seguem o seguinte padrão (código do país, região, área, local). Para uma pessoa residente em Leiria poderá necessitar apenas de memorizar os 3 ou 6 últimos dígitos, dependendo da área, tornando a tarefa muito mais fácil. Compreender implica conseguir métodos (simples ou complexos) de recuperar a informação a partir de fragmentos memorizados, relacionando-os na fase de recuperação da informação. Implica criar ligações entre conceitos e conseguir recuperar essas relações quando necessita da informação. Um exemplo simples é perceber o mecanismo por detrás da tabuada. Podemos não nos lembrar de quanto é 7x7, mas se compreendermos o mecanismo poderemos sempre (ainda que demore mais tempo) recuperar a informação. Compreender ajuda a recordar e recordar ajuda a compreender.
De uma forma genérica podemos dizer que podemos memorizar sem compreender, mas não podemos compreender sem memorizar (não a totalidade da informação mas as partes relevantes e as suas relações ou processos).
3 - Aplicar
Ainda voltando ao exemplo do número de telefone, se estiver fora de Portugal e necessitar ligar a um amigo e me lembrar dos 6 últimos dígitos, sei que acrescentando no início +351244 XXX XXX conseguirei telefonar para casa desse amigo. Ou seja, face a uma situação semelhante mas nova para mim, porque memorizei as partes relevantes e o processo que me permite ligá-las, consigo chegar a um resultado que não conhecia antes (logo que não conseguia recordar).
Aplicar implica recordar informação (não de forma factual mas processual) e repetir o processo com a nova informação para obter um resultado, à partida, desconhecido. Aplicamos porque recordamos (conceitos e processos), processos que foram compreendidos, para resolver uma nova situação, aplicando os mesmo princípios.
Aplicar implica a capacidade de prever o que não se conhece, aplicando princípios e conceitos que se compreendem e se recordam.
Se compreendi o mecanismo subjacente à tabuada, poderei aplicá-lo a qualquer outra situação, por exemplo tabuada do 8.
4 - Analisar
Imaginemos uma lista de números de telefone. Era pedido que dessa lista escolhêssemos todos números da região de Leiria. Teríamos de nos lembrar que o número de Leiria se iniciava por +351244. Teríamos de nos lembrar, porque compreendemos o processo, que todos os números de Leira se iniciam por +351244 e aplicar o conceitos e processo a todos os números. Como estamos certos de que o processo está validado e é seguro, podemos assumir que qualquer número da lista que se inicie por +351244 será de Leiria, mesmo sem nunca o termos visto. A este processo chama-se analisar informação. Retirar de um lote de informação a que nos interessa, baseado-nos na aplicação de princípios e informação que compreendemos e memorizámos.
Podemos verificar/analisar se a tabuada do 32 (uso o exemplo porque não acredito que alguém a tenha memorizada) está correta, porque aplicamos os mesmos princípios de raciocínio.
Até
aqui temos estado a falar em informação que já existe e processos que
já dominamos (mesmo que pessoalmente não se possua o conhecimento dessa
informação).
4 - Avaliar
No final da análise há que apresentar um proposta e defendê-la. A capacidade de o fazer está a este nível.
5 - Criar
No final da análise há que apresentar um proposta e defendê-la. A capacidade de o fazer está a este nível.
5 - Criar
Criar implica utilizar informação existente e os processos que dominamos, juntando-os de uma nova forma para criar algo de novo. Ainda os números de telefone: quando apareceram as operadoras móveis havia que criar números novos, aplicou-se o mesmo princípio +351938008001 (País, Operadora, Aparelho) e criou-se um novo sistema baseado nos mesmos princípios.
O processo de construção de um Lego, é um processo criativo. Com as mesmas peças e princípios, podemos construir uma miríade de objetos.
Para criar é preciso ter memorizado conceitos/informação, compreendido processos, analisar que resultados pretendemos e aplicar os mesmo princípios e informação, de uma nova forma, para os conseguirmos concretizar.
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